domingo, 29 de abril de 2007

O Amor Romântico - De E.P.



"Se duas pessoas se amam, não pode haver final feliz." Ernest Hemingway
O cínico poderia dizer que o amor romântico é uma invenção de Hollywood, mas estaria mais correto se retornasse à idade média. De fato, o amor romântico pode ser entendido como a primeira resposta que o homem comum encontrou para justificar o sexo frente ao que se conhece como repressão sexual cristã, e por conseqüência, a primeira e bela representação do sexo como experiência espiritual , no ocidente.
As pessoas que casavam por conveniência (o casamento foi criado para indicar a posse da fêmea e dos filhos - não existia antes da descoberta da relação do sexo com a reprodução), em toda a história, e por quase todas as culturas, começaram a aplicar os preceitos do espírito ao amor, esses preceitos sendo os do cristianismo. Assim, posição social ou diferença tribal não podia mais justificar um casamento : o homem que vivia em Cristo, casava por amor, e abandonaria tudo por amor, se fosse o caso. "Romeu e Julieta" é o ápice, sendo a troca da própria vida pelo amor romântico. Como todos sabemos, o dia-a-dia de Romeu e Julieta não seria só de rosas, o amor deles vem de uma idealização impossível na mente pagã. A idéia do príncipe encantado e da donzela virginal nasce aí .
Portanto que fique entendido que o amor aqui não é pela pessoa, mas pelo ideal da pessoa. Quem sabe manipular as máscaras sociais melhor, contém o relacionamento. O outro, que vai sentir dor-de-cotovelo no fim, é contido. Nessa armadilha sempre caem as pessoas que não estabelecem uma atitude emocional saudável no II circuito, que depende da auto-estima afirmada pelo I.
A armadilha sempre é a separação do sexo da amizade, e por fim a colocação do sexo como secundário em um relacionamento, o que é uma falácia, pois o sexo começa no primeiro flerte e não acaba até o último aceno. O que se entende por sexo sem amor é amor sem compromisso e casual , amor sem contrato e sem responsabilidade. Não é de admirar a hipocrisia de nossa sociedade, a existência de prostíbulos .
A monogamia deveria ser tratada como uma questão de preferência pessoal, a traição sendo uma quebra de contrato tácito entre pessoas de preferências diferentes com relação ao número de parceiros, sendo comum inclusive que o traidor nem entenda porque é diferente da regra tribal aceita . A hipocrisia de fato é um mecanismo repressor.
Existe, além disso, uma diferença biológica no que tange o sexo, e isso não pode ser ignorado na questão do amor: o macho tende a querer impregnar o maior número possível de fêmeas, a fêmea a escolher o melhor macho. As duas coisas são cruéis do ponto de vista Cristão, e ficam confusas do ponto de vista do homem como animal social. Mas a nível de II circuito a coisa é bem clara: a mulher que preenche o arquétipo da mãe para um homem o prende (ele vai ter a dor-de-cotovelo e os chifres de boi, corno manso), e o homem que preenche o arquétipo do pai para uma mulher geralmente o obtém pelo tamanho dos chifres (de touro). Esse homem geralmente responde mais ao impulso do falo do que o do ethos tribal, não há ideal de pai que o desafie.

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