“Não diga o meu nome secreto!
Eu Era, Eu Sou e não Terei fim. Você me conhecerá como Melek Taus “
O Culto Yézidi (Yézidismo)
A religião Yézidi se baseia em dois livros, que se complementam: O primeiro é o “Kitâb Al-Jilwah” (Livro das Revelações) e o segundo é o “Mashâf Res” (O Livro Negro – assim nomeado por ter sido revelado quando Melek Taus desceu até a “Montanha Negra” para entregá-lo).
O Kitâb Al-Jiwah é dividido em cinco capítulos, precedidos de uma introdução curta. Esta introdução é narrada por Seih, que diz ter existido com Melek Taus antes da criação do mundo, e que foi mandado por Ta’us para instruir os Yezidis na “verdade”. O primeiro capítulo narra a onipotência e onipresença de Deus. O segundo afirma que Deus possui poder para recompensar e punir. No terceiro, ele diz possuir os tesouros da terra. No quarto, ele avisa contra a idolatria das outras religiões. E por fim, no quinto, os Yezidis são comandados a manter suas tradições, crenças e obedecer aos servos de Ta’us que os doutrinarem nestes ensinamentos.
Já o Mashâf Res não se divide em capítulos, mas narra diretamente os sete dias da criação. Após isso, a cada dia passado, Deus cria um Anjo/Rei, um “Melek”, sendo o primeiro a ser criado, Melek Ta’us, é o chefe e mais poderoso de todos. Visivelmente associado ao conceito de Lúcifer-Samael nos mitos Judaicos e Cristãos e Íblis, o Djinn dos Islamistas e Angra Mainyu dos Persas/Zoroastras. Mas ao contrário de seus arquétipos sincréticos, Melek Ta’us não trai Deus para os Yezidis. E tal adoração ao Anjo-Pavão os torna associados ao Demônio por seus vizinhos e fortemente discriminados sob a imagem de Satanistas – embora conceitualmente falando eles sejam “opositores” aos idolátras (embora tolerantes), podemos considerá-los adoradores de Lúcifer sob a máscara do pavão. O livro também narra a queda de Adão e Eva; o dilúvio, a vinda do profeta Yezid bn Mu’awiya e a chegada dos Melek para construirem o reino dos Yezidis.
Dentro do culto, há uma hierarquia básica: O Seih é o líder espiritual, identificado pelo cinto e pelas luvas de “rede”. A ele são prestadas reverências, pois ele tem contato direto com Melek Ta’us. Em seguida há o Emir, descendentes diretos de Yezid, fundador da religião. Assim, tem certo poder religioso e autoridade governamental. Os Kawwâl são os responsáveis pelas músicas nos ritos, com flautas e tambores. Os Pîr são os responsáveis pelos alimentos sagrados e pelas vestimentas. Os Kôchak são os sacerdotes propriamente ditos. Os Fâkir são responsáveis por instruir as crianças na música sacra e por realizar danças nos cultos. E por fim os Mulla são os catequistas, que doutrinam as crianças na fé.
Os sete anjos dos Yezidi são: Darda’il; Israfil; Mika’il; Gibra’il; Shimna’il; Nura’il; e Azra’il – que é Melek Ta’us, o Senhor de todos.
É Melek Tau’us que trará a revelação de Deus e um novo livro sagrado para o profeta Yezidi, para que ele espalhe a palavra pelo mundo. Ele é o Senhor de toda criação, por ter estado ao lado de Deus quando este criou o mundo. Seu símbolo é o ‘sanjak’ (ilustração aqui no post) e seu dia é o Domingo. Ele não “foi expulso do céu”, mas permaneceu ao lado da humanidade, mesmo após sua queda, sendo o regente do mundo e desejando a Evolução do Ser. Diz-se que os Yezidis não creem em inferno, pois ao ver o sofrimento do homem, Melek Ta’us chorou por sete anos, guardando suas lágrimas em um pote, o qual ele utilizou para extinguir o fogo do local, deixando o abismo desabitado.
Não se reza para Deus ou Melek. Oração não é obrigatório. Música, dança e a fé em Melek Ta’us já são o suficiente, bem como seus costumes.
Nos dias atuais, os Yezidis ainda aguardam a vinda de Melek Ta’us e dizem que sendo o Senhor da Terra, ele está presente em tudo e em todas as pessoas e elementos. Portanto, em situações de dificuldades, basta clamar com fé por ele, para que ele se manifeste e auxilie, seja quem for que o trate com devoção e respeito.
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