sábado, 6 de fevereiro de 2016

O ego patológico


Considerando a palavra “patológico” no seu sentido mais amplo, podemos dizer que o ego em si é patológico, não importa que formas assuma. Quando observamos a raiz desse termo no grego antigo, vemos quanto é apropriado aplicá-lo ao ego . Embora costume ser usado para explicar uma condição de doença, ele deriva de “pathos”, que significa sofrimento. Isso é claro, foi o que Buda descobriu 2600 anos atrás como uma característica de condição humana. Uma pessoa dominada pele ego, contudo, não reconhece o sofrimento como sofrimento - ela considera a única resposta adequada em qualquer tipo de situação. O ego, na sua cegueira, é incapaz de ver a dor que infringe a si mesmo e aos outros. A infelicidade é uma doença “mental-emocional” que atingiu proporções epidêmicas. É o equivalentes subjetivo da poluição ambiental no planeta. Estados negativos, com raiva, a ansiedade, rancor, ressentimento, descontentamento, inveja, ciúmes, entre outros, não costumam ser vistas como negativos e sim como condições totalmente justificadas. Além disso, a compreensão errônea de que eles não são criados pela própria pessoa, mas por alguém ou por um fato externo. “Eu considero responsável pela minha dor”. Isso é o que o ego deixa subentendido.
O Ego não consegue distinguir entre uma situação e sua interpretação de uma reação a essa situação. Podemos dizer “Que dia horrível!” sem atentarmos para o fato de que o frio, o vento e a chuva ou qualquer elemento ao qual estejamos reagiram não são horríveis. Eles são como são. O que é horrível é a nossa relação, à resistência subjetiva a eles e a emoção que é criada por essa resistência. Nas palavras de Shakespeare: “Nada existe de bom nem mau, o pensamento é o que o torna assim.” Mais do que isso, o ego sempre interpreta mal sofrimento como um prazer porque, até determinado ponto ele se fortalecem por meio deste estado negativo.
Por exemplo, a raiva e o ressentimento exacerbam o ego, aumentando a sensação de separação, enfatizando a diferença em relação aos outros e criando a postura “estou coberto de razão”, que mais parece uma fortaleza inexpugnável. Se fôssemos capazes de observar as mudanças psicológicas que acontecem dentro do nosso corpo quando somos dominados por essas disposições negativas, caso pudéssemos ver de que modo elas prejudicam o funcionamento do coração e dos sistemas digestivos e imunológicos, além de muitas outras funções corporais, ficaria óbvios que esse estados são de fatos patológicos, Isto é, são formas de sofrimento, e não de prazer.
Sempre que nos encontramos esse tipo de condição, há algo em nós que deseja o negativismo, que o percebe como prazeroso ou que acredita que ele nos dará o que desejamos. De outra maneira, quem Gostaria de Tornar a si mesmo e aos outros infelizes e causar doenças ao próprio corpo? Portanto, sempre que o negativismo surgir e fomos capazes de estar conscientes de que existe algo em nós que sente prazer nele ou acredita que ele tem um propósito útil, estaremos nos tornamos conscientes do ego diretamente. É nesse momento que nossa identidade se transfere do Ego para consciência. Isso quer dizer que o ego está se encolhendo, enquanto a consciência se expandido.
Se em meio ao negativismo conseguimos compreender a ideia de que naquele instante estamos causando sofrimento a nós mesmos, isso será suficiente para nos colocar acima das limitações das reações e dos estados egóicos condicionados. Isso mostrará as infinitas possibilidades que se abrem para nós quando a consciência está presente - maneiras diferentes e muitos mais inteligentes de enfrentarmos qualquer situação. Assim que reconhecemos nossa infelicidade como algo não inteligente, nos libertamos dela. O negativismo é destituído de inteligência. Ele é sempre uma criação do ego, que pode ser esperto, mas não é inteligente. A esperteza persegue objetivos próprios e pequenas. A inteligência vê o conjunto maior em que todas as coisas estão interligadas. A esperteza é motivada pela interesse pessoal e é extremamente imediatista. Em sua maioria, os políticos e os profissionais do mundo dos negócios são espertos. Muitos poucos são inteligentes. Tudo o que é o cansado por meio da esperteza tem vida curta e sempre resulta numa derrota pessoal. A esperteza divide, em quanto a inteligência inclui.
Trecho retirado do livro – Novo Mundo O Despertar de uma nova consciência – de Eckhart Tolle

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