sábado, 27 de junho de 2009

EXPRESSÕES CAÓTICAS DA NATUREZA DA VIDA

Pensar o mundo substantivamente, pensar o mundo verbalmente. Eis o grande abismo entre rigidez e movimento... Substantivo, nos remete a substância, algo fixo, um conjunto de substâncias fixas para se formar um caminho. Verbo nos remete à ação, algo móvel, processo, movimento. Uma substância em movimento formando o caminho.
A questão é cognitiva, modo de pensar e perceber o mundo. Pensar o mundo, a vida, os indivíduos como um conjunto de substantivos que, lado a lado, estáticos e rígidos, dão a forma estética para o movimento.
Pensar o mundo, a vida, os indivíduos como verbos, como ações, eternos movimentos, infinitos processos, tempo e espaço ocupando a mesma dimensão.
Ao falar em ação, em movimento, em processo, falamos em caos, já que a eternidade dos movimentos e seus processos expressam caoticamente a natureza da vida. Tudo está em movimento, do orgânico ao virtual, na natureza ao artificial. O que fez do homem moderno um ser rígido, fixado, controlador, incapaz de agir de acordo com a natureza dos movimentos e seus fluxos foi toda uma complexidade de idéias filosóficas, religiosas que há 2000 anos condicionaram o pensamento ocidental. Platonismo, catolicismo, judaísmo, preenchidos por metafísicas, por valores transcendentais, por deuses estáticos, inibindo a humanidade de se expressar imanentemente. Segundo Nietzsche, o pior, o mais persistente, o mais perigoso de todos os erros foi um erro de dogmáticos: a invenção por Platão do espírito puro e do Bem em si.
Trata-se de imanência e de transcendência. Ao se falar em valores transcendentes coloca-se poder em algo distante da capacidade humana , impedindo esta de se expressar de acordo com a própria natureza. Ao se falar de imanência, dirigimos este poder à humanidade , criando um universo de possibilidades de expressões e criações a partir da capacidade inteligível de cada um. Na transcendência permanecemos imóveis, incapazes de agir sem o aval do "tal" valor transcendental, desta maneira nos tornamos como substantivos, rígidos na forma de apreender a realidade da vida. Na imanência o poder de atuação está em nossas mãos, passamos de substantivos à verbos, passamos da rigidez ao movimento, da não ação à ação.
A vida como obra de arte: indivíduos criando suas próprias condições na existência, habitando o desejo e, a partir daí, agindo para expressá-lo.
Mudamos de século, mudamos de milênio, da era industrial de produção em série seguimos para a era tecnológica, onde a informação ganha o poder que já foi da produção. Ao se falar de informação, falamos de idéias, de criatividade, de técnica, de pensamento. Digamos que a humanidade está se tornando mais inteligente, para felicidade de uns e infelicidade de outros. O controle das informações e do conhecimento perdem sentido. De nada adianta a tentativa de controle na rede planetária de interatividade e informação .O campo virtual de expressão humana :o ciberespaço, universo de infinitas possibilidades de expressões, tende cada vez mais a ser habitado pela humanidade, e uma vez presente no cotidiano , eis um grande recurso para que imanências sejam expressadas. A decadência de valores transcendentais, seja em um deus, em morais estabelecidas, em verdades inquestionáveis tendem a se afirmarem, na medida em que com o passar dos anos a humanidade for tendo acesso ao ciberespaço e dessa forma libertando-se do controle estabelecido há mais de mil anos.
Conhecimento gera liberdade de escolhas e é no conhecimento que caminhamos nesta nova era que se inicia. Dentre outras tantas mediocridades e situações bizarras que a natureza humana é capaz de realizar, existe uma nova realidade a ser conquistada: a realidade virtual, e com ela infinitas possibilidades de perceber e viver a vida. Para os pessimistas, amedrontados com a "desmaterialização orgânica" que se sujeita a humanidade do planeta Gaia, não há como voltar atrás, entramos em um novo movimento, o tão esperado encontro do tempo e do espaço, eis a fusão espaço/tempo, eis o caos sendo reconhecido nas intensidades do acaso.

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